Blue Tree Alvorada: Excelente hotel, mas com falhas a corrigir -Theresa
Catharina Campos
Eis a minha experiência recente com o Blue Tree Alvorada, vizinho ao
Palácio onde reside o Presidente, em Brasília. Ali estive hospedada,
em apartamento categoria luxo (com vista para o Lago), de 2 a 6 de
março, no Blue Tree Park, que tem excelente localização, à beira do
Lago, com instalações e equipamentos dos mais modernos, mobiliário
de qualidade, ótima iluminação, amplos corredores dando acesso aos
apartamentos e bela decoração interior.
Com bastante antecedência, telefonei para a recepção do Blue Tree
Towers e do Blue Tree Park, mas achei as informações que me deram,
confusas e desencontradas (sobre a piscina, necessidade de reserva
para o brunch dominical, entre outras), pelo que decidi, então, para
ter mais segurança, enviar e-mail para São Paulo, em 23/2/03,
recebendo confirmação de minhas reservas na segunda-feira, dia
24/2/03.
A minha mensagem para solicitação de reservas indicava minha
condição de jornalista, assim como a minha intenção de passar o
período carnavalesco em lugar confortável, agradável, com sala de
internet para que eu, diariamente, pudesse redigir e enviar meus
textos. Como exigi vista para o Lago - o que não é comum a todos os
apartamentos do Blue Tree Park, reservei a categoria "luxo casal",
por me garantir essa condição.
O meu check-in foi o primeiro, em toda a minha vida, em que me
disseram só precisar mostrar meu cartão de crédito, tendo o
funcionário se recusado a olhar, por duas vezes, a carteira de
identidade que eu lhe estendia. Ora, meu cartão de crédito, sem
fotografia e informações essenciais, poderia ter sido roubado... E
naquele momento, não havia outros hóspedes chegando ou partindo. Bem
que achamos desagradáveis aquelas portas de segurança dos bancos,
porém, se as pessoas não precisam se identificar na recepção, quando
ali estão pela primeira vez, isso me parece uma grande falha na
segurança que se espera ter, em hotel como o Blue Tree Park.
Em seguida, fui para o apartamento 1025, com vista para o Lago;
entretanto, ao pedir que o funcionário do Hotel experimentasse o
cofre, em minha presença, para ver se tudo estava sem problemas,
constatamos que o cofre não estava aberto, como deveria, e sim,
fechado, com senha desconhecida para nós. Avisamos a recepção e, por
esse motivo, tive de mudar de apartamento - fui, portanto, para o de
número 1026, que estava devidamente preparado para ser ocupado (bem
arrumado e com tudo funcionando, inclusive o cofre, que deveria ser
um dos itens verificados, antes da liberação do apartamento para o
hóspede).
Logo depois, recebi duas convidadas para o brunch dominical, no
restaurante utilizado pelos hóspedes para todas as refeições. Como
pude comprovar todos os dias, oferece conforto, espaço adequado,
ambiente agradável, tem uma bela vista do Lago e, também, dos
jardins e piscinas (com 1.25m de profundidade) do Blue Tree Park; a
comida (cardápio diversificado) é de primeira qualidade, ótimas
condições de higiene, saladas e sobremesas variadas.
Lamentavelmente, apesar do restaurante não se encontrar lotado, um
dos garçons, ao servir a mesa ao lado, e apesar de haver espaço
suficiente, bateu com força, e desnecessariamente, contra a cadeira
onde uma de minhas convidadas estava sentada. E a cena se
repetiu...Minha amiga, brasileira, voltara de viagem a Austrália e
Nova Zelândia, me garantindo que teve sempre, nesses países,
tratamento de muita cortesia. Como ela estava aborrecida, com razão,
porque o garçom nem sequer se desculpara, eu providenciei para que,
continuando à nossa mesa, ela mudasse de lugar e cadeira. O fato,
porém, contribuiu para seu visível mal-estar durante toda a
refeição, o que, por extensão, me incomodou.
Levei minhas convidadas (ambas com diplomas de pós-graduação) para
conhecerem o Business Center, que encontrei ocupado por 5
crianças... o que provocou, de minhas amigas, a pronta observação de
que seria muito difícil eu conseguir utilizar o local. De fato, vi
que a área se transformara em um verdadeiro playcenter
infanto-juvenil, com barulho desnecessário, cantorias, palavrões, e
outros tipos de agressão que não seria de bom gosto eu citar neste
meu artigo.
Já era noite - depois das 22 horas - quando eu pude usar um dos três
computadores. Ao meu lado, acontecia o que seria comum em todos os
outros dias no Blue Tree Park, mesmo altas horas da noite - crianças
e adolescentes utilizando a internet para trocarem linguagem chula e
até ameaças (sic) nos " chats " que acessavam. Envergonho-me de
dizer que eu, intimidada, resolvi me adaptar à situação e, me
controlando, procurei redigir meus textos e ler/responder mensagens,
pesquisar - em contexto tão desagradável.
No dia seguinte, como a situação se repetisse, decidi falar àqueles
jovens abusados e desrespeitadores que, se estavam agindo daquela
forma para que eu deixasse o local, ficassem sabendo que eu
precisava trabalhar ali e, sendo assim, nada que eles fizessem me
faria sair. E, demonstrando que minhas palavras correspondiam à
realidade, retornei à internet, fingindo ignorar as suas
provocações.
Outra cena comum no tal "Business Center" : adultos esperando,
durante horas, que as brincadeiras infanto-juvenis terminassem.
Quando cedi o lugar para uma senhora, ela me agradeceu e observou: -
É uma total inversão de valores! Nós precisamos esperar ...para dar
atenção a nossos assuntos de urgência!
Talvez por causa dessa total ausência de supervisão, por parte do
Blue Tree Park, na manhã da Quarta-Feira de Cinzas ( dia 5 de
março), eu encontrei ali outra cena desagradável - dois "
cavalheiros " estavam aparentemente usando os computadores, em
atitude tão à vontade que, um deles, tinha as pernas ( não só os
pés...) sobre a mesa, junto ao monitor e quase sobre o teclado ( se
tivessem voz, ambos os equipamentos estariam gritando por
socorro...). Quando esses adultos foram embora, vieram três
crianças. Felizmente eu já garantira o meu computador, naquele
momento. O ambiente, contudo, era o mesmo de todas as horas: tão
barulhento quanto um playground dos mais animados...
De fato, não se compreende a negligência, a omissão dos funcionários
e da administração (gerência) do Hotel ( a recepção fica em frente,
no mesmo saguão, embora do outro lado...). Inúmeras vezes cheguei ao
"Business Center " e saí, por causa da ocupação sistemática desses
menores. Outras vezes, fiquei esperando ali mesmo, durante muito
tempo, por uma vaga... Outros adultos tiveram a mesma experiência.
Se não se incomodam com os hóspedes, também não cuidam dos
equipamentos (impressora e computadores), que precisam de
temperatura adequada.
Em São Paulo, para onde viajo regularmente, costumo usar a internet
em shoppings como os moderníssimos Frei Caneca e Villa-Lobos. O
serviço é pago, o que faço com prazer , inclusive porque vejo todos
os clientes serem solicitados a mostrar identidade ou passaporte,
cujos números e outras informações são registrados em arquivo do
estabelecimento. Embora esses locais ofereçam, igualmente, serviços
de lanchonete, nunca vi os abusos, a indisciplina com que precisei
conviver, no "Business Center " do Blue Tree Park. Seria mais
decente mudarem a identificação do local para indicar lugar de
recreação infanto-juvenil! E informarem aos hóspedes, no momento das
reservas, que a sala é destinada a todas as idades e
finalidades...não se responsabilizando o hotel pelos abusos e
ilegalidades ali cometidos.
Vivendo essa realidade desagradável de esperar que os jovens se
cansassem da internet, tive a oportunidade de encontrar uma pessoa
que reside, com o marido, há mais de um mês, no Blue Tree Towers.
Ela me disse ter estranhado muito o fato do serviço de internet não
estar sendo ali oferecido aos hóspedes, e ainda mais, ao se dirigir
à recepção do Blue Tree Park, o fato de terem, sem que a
conhecessem, simplesmente lhe indicado a localização do " Business
Center " (só rindo!), sem lhe fazerem qualquer pergunta sobre a sua
procedência ou pedir seus documentos. Disse-me que não está
satisfeita com a hospedagem no Blue Tree Towers porque todos os
serviços de que precisa são feitos pela metade e com lentidão
inaceitável, citando, por exemplo, o room service.
Comentei com ela que, fazendo uma caminhada, me espantei com o
tamanho mínimo daquela "piscina" - deveriam cobrir essa
piscina-tanque o mais depressa possível, para escondê-la...no que a
jovem senhora concordou. Ela observou que, no " Business Center ",
estava um calor insuportável e foi pedir que ligassem o ar
condicionado. Após algum tempo, veio um empregado do hotel - viu as
crianças usando os computadores e o adulto esperando, há tanto
tempo... Ele só fez perguntar: - Querem que o ar condicionado seja
ligado? Respondi: Sim, por favor! Aliás, até para os equipamentos
(impressora e computadores) o calor não é recomendável.
Outra experiência negativa que a hóspede do Blue Tree Towers me
relatou foi ter recebido, duas vezes, às 4 horas da manhã,
telefonema de mau gosto. Acordou assustada, não conseguiu mais
dormir e, ao entrar em contato com a recepção e pedir o número do
telefone daquela chamada, foi informada de que, apesar de terem o
bina, só teriam anotado o número se ela tivesse, antes, feito uma
solicitação nesse sentido...Atendeu o telefone, em hora tão tardia
porque é do Rio Grande do Sul, onde continua vivendo a sua família,
pelo que pensou se tratar de assunto importante, urgente.
Quero recomendar, aos hóspedes que freqüentam a fila do "playcenter"
infanto-juvenil, aguardando uma oportunidade de acesso à internet, o
simpático bar que fica próximo, na mesma área da recepção, mas do
outro lado, isto é, vizinho ao suposto " Business Center". Funciona
com eficiência, das 8.30h até uma hora da manhã, sendo os hóspedes e
visitantes muito bem atendidos. Mas peça os biscoitinhos de ervas -
são deliciosos e servidos com o cafezinho, em caso de bom
atendimento, como foi o que recebi da jovem Cléo. No dia anterior,
tomei dois cafezinhos...sem que os biscoitinhos me fossem
oferecidos.
Em todas as áreas do Blue Tree Park (limpeza e manutenção nota dez),
não encontrei folhetos com publicidade do Hotel. Senti falta,
inclusive porque, no site da rede, achei que as informações são
mínimas (para não dizer, insuficientes). Ora, para citar apenas
alguns exemplos de excelentes hotéis em São Paulo, como o Ceasar
Park, o Renaissance e o Hilton, os folhetos de divulgação não
faltam...nem nos hotéis da rede Accord e Parthenon.
Sobre o apartamento que ocupei, tenho duas sugestões, que devem ser
úteis para todos os apartamentos, acredito, considerando-se que a
categoria por mim escolhida era "luxo". Cesta de lixo, há apenas
uma, no banheiro, ao lado do vaso sanitário, fazendo falta uma
outra, pelo menos como cesta de papéis, junto à mesa de trabalho e,
até mesmo, mais uma cesta, igualmente no banheiro, bem amplo,
embaixo das duas pias. Na banheira e no chuveiro, deveriam ser
colocadas barras de segurança, pois há necessidade de apoio, quando
se pensa em evitar aquele tipo de acidentes caseiros sobre os quais
os médicos alertam serem bastante comuns. A bonita escadaria que dá
acesso ao primeiro andar (restaurante e outras áreas, inclusive
apartamentos) tem corrimões, no entanto, elementos de decoração
impedem que o apoio seja contínuo - escolhendo não usar os
elevadores, é preciso ter muito cuidado, de degrau a degrau.
O nível das instalações e dos equipamentos, no Blue Tree Park, é bem
superior ao nível de seus recursos humanos (por exemplo, a recepção,
que faz o mínimo pelo hóspede). Muito atenciosos, sorridentes, são
os empregados que carregam nossas malas, levam e trazem nossos
veículos sob a responsabilidade do hotel.Será que não existe um
serviço de relações públicas, que pudesse acompanhar o grau de
satisfação no atendimento aos hóspedes? E quem sabe, nesse caso, os
hóspedes jornalistas receberiam uma pasta com folhetos informativos
e de propaganda sobre o hotel?
Após quatro dias no local, utilizando regularmente, várias vezes,o
restaurante, e apresentando aos garçons meu cartão de identificação
do hotel, eu ainda precisava devolver a conta que ignorava minha
condição de hóspede, tendo que esperar a correção e novo documento
para assinar...
No check-out, ao ser indagada se eu estava satisfeita e voltaria a
me hospedar no Blue Tree Park, pude falar sobre o problema do "
Business Center" indevidamente ocupado por crianças e adolescentes.
Somente nesse momento, para mim, tarde demais, fui informada de que
poderia ter computadores e serviço de internet alugados e instalados
no apartamento!
Concluindo, posso afirmar que, se o hóspede não se preocupar com
segurança (será que existe alguém com esse perfil, nos dias de hoje,
quando enfrentamos, assustados, tanta violência?), nem precisar de
um Business Center, o Blue Tree Park é uma escolha excelente.
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília, 6 de março de 2003.
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