O amor constrói
Durante um debate televisivo sobre solidariedade, uma frase me
pegou em cheio: "Pobre é aquele homem que morre rico. É, no
mínimo, um ser humano despossuído de imaginação...".
Neste nosso triste e frio mundo moderno, que consagrou o ‘ter’
no lugar do ‘ser’, podemos apenas dizer que falta ao universo
diário um pouco de imaginação, de sonhos, de poesia. Falta ao
homem moderno a busca pelo lado humano natural, aquele que está
e nos leva para bem perto de Deus.
Hoje, divisamos um mundo ourocentrista, em que vale mais aquele
que acumula mais. Ou seja, o grande valor está depositado não no
que reparte, mas no que acumula. Criamos, assim, uma sociedade
adoecida, que entroniza e dignifica a ambição e o egoísmo dos
homens, legando ao grande corruptor status de salvador. Isto
justifica nossa representação política e nossos grandes deuses
sem milagres. Tudo, fruto do nosso meio.
Agora vemos um mundo sendo devastado por forças maiores e tendo,
de uma certa forma, que se reconstruir, de se refazer, de se
repensar. De forma quase imperceptível, assistimos a este mesmo
mundo sendo reconstituído e amparado pelo espírito solidário dos
homens, aquele que até bem pouco tempo, dentro de muitos, estava
adormecido. É engraçado, mas diante de tudo isso muitos não
aprenderão a grande lição, o grande ensinamento.
O budismo diz: "Rico é todo aquele que tem um centavo a mais do
que pode gastar". Na mesma direção, o cristianismo aponta
dizendo que sem a caridade todas as obras são mortas... Mas,
depois de tudo isso, sabemos que as grandes riquezas do mundo
estão na mão de apenas 8% da população mundial. Este é o nosso
triste e verdadeiro mundo moderno, aquele que produz a violência
social, as grandes epidemias, as incuráveis mazelas humanas.
Falta aos donos do mundo imaginação, crença no seu lado divino,
na centelha que brilha dentro dele e naquele que nasceu no
Afeganistão, tornando-os, assim, filhos do mesmo Pai, herdeiros
do mesmo planeta. Não esqueçamos nunca que o que avaliza a
riqueza de um, é a pobreza do outro.
Cristo, o Rei entronado e eternizado no coração de muitos, nos
falou de um mundo de riquezas edificadas no céu, onde nenhuma
tempestade é capaz de levar. Agora, podemos compreender a
importância de edificarmos riquezas no céu, abençoadas pelo
amor, solidariedade, compaixão, perdão, paz, e consagradas pelo
Pai. Afinal, o que são 80 anos frente à eternidade? Tudo aqui
está por um minuto, um fio apenas.
E assim vamos nós, sabendo que o grande milagre da vida se
revela é aqui, onde, diariamente, comungamos com algo que é
maior que nós, e, por isso, incompreensível. Como seria melhor o
mundo se não precisássemos de aviso algum para sermos mais
dignos e solidários com os que estão à nossa volta, com os que
nos são próximos! Como seria melhor o mundo se a pobreza fosse
varrida dos corações dos homens e neles crescessem a nobreza dos
grandes valores de Deus!...
belooriente@cidademais.com.br
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor.
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