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BRASIL
COMEMORA O PÓDIO DE VANDERLEI |
Benê Turco, da CBAt |
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29/8/2004, São Paulo - O
brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima
protagonizou alguns dos momentos mais
emocionantes dos Jogos Olímpicos de Atenas.
Na última prova do maior evento esportivo do
Planeta, neste domingo 29, ele ganhou a
medalha de bronze na Maratona, com 2:12:11.
O paranaense de Cruzeiro d Oeste ficou atrás
apenas do campeão Stefano Baldini (Itália),
que marcou 2:10:55, e do vice Mebrahton
Keflezighi, com 2:11:29.
Vanderlei, nascido em 11 de agosto de 1969 e
morador de Maringá, no norte do Paraná,
tinha todos os motivos para comemorar o
terceiro lugar, como se fosse o título
olímpico. Ele esteve sempre no pelotão de
frente e antes dos 20 km assumiu a
liderança, passando à frente do sul-africano
Hendrik Ramaala.
Foi Vanderlei o corredor que esteve mais
tempo na liderança da prova, uma das mais
nobre do programa olímpico. Especialmente
para esta edição dos Jogos, os organizadores
prepararam um percurso histórico, desde a
cidade de Maratona até o Estádio Panatenaiko,
no centro de Atenas.
Com 45 segundos de vantagem sobre o segundo
colocado, quando já havia cumprido 1:52:00
da prova, Vanderlei foi empurrado por um
espectador, que levava um cartaz às costas.
Foi uma falha da segurança, que demorou para
agir. O corredor brasileiro assustou-se com
a presença do agressor, que conseguiu
empurrá-lo até um dos lados da pista, sob os
protestos das demais pessoas, que correram
para livrar o atleta. Vanderlei conseguiu
voltar à prova, sem esconder a decepção com
a atitude anti-deportiva, que prejudicou sua
performance.
Performance que ele preparou adequadamente,
seguindo o treinamento elaborado pelo
técnico Ricardo D Angelo. Fez dois meses de
preparação em altitude, na cidade de Paipa,
na Colômbia. De lá, seguiu diretamente para
Atenas, onde chegou no dia 25 último. Já na
capital grega, garantiu estar bem preparado:
"A equipe brasileira vai fazer um bom
papel", disse, referindo-se também aos
outros dois atletas qualificados para
competir na prova - André Luiz Ramos e
Rômulo Wagner da Silva.
Apesar da interrupção de seu ritmo de
corrida, Vanderlei ainda manteve a ponta por
quase oito minutos. Stefano Baldini o
superou quando o cronômetro da prova
apontava 2:00:00. Logo depois, também
Mebrahton Keflezighi o ultrapassou,
assumindo o segundo lugar, que conseguiria
manter até o final.
Vanderlei manteve a terceira posição, embora
o quarto colocado, o britânico Jon Brown,
tenha conseguido se aproximar um pouco e
completar a prova em 2:12:26. O japonês
Shiegeru Araya foi o quinto, com 2:13:11. Os
outros dois brasileiros não completaram a
prova.
Ovacionado ao entrar no Estádio Panatinaiko,
nos metros finais, pouco antes de completar
os 42,195 km da prova, Vanderlei começou a
comemorar o lugar garantido no pódio.
Vanderlei Cordeiro de Lima deu ao atletismo
brasileiro sua medalha olímpica de número
13, a primeira já ganha na maratona. Antes,
o melhor resultado do Brasil na prova era o
10.o lugar de Luiz Antonio dos Santos,
conseguido em Atlanta, em 1996.
Em sua carreira, ele tem o bicampeonato
pan-americano na prova, conquistado em
Winnipeg em 1999 e em Santo Domingo, em
2003. Este ano, ele ganhou a Maratona de
Hamburgo, com 2:09:38. Seu recorde pessoal é
2:08:31, conseguido em 8 de fevereiro de
1998, em Tóquio.
Medalha de prata no Mundial de Maratona de
Revezamento na Dinamarca, em 1996, e bronze
na copa do Mundo de Maratona na Grécia, em
1997, Vanderlei ainda tem o melhor resultado
já alcançado no Brasil: 2:11:19, em São
Paulo, 14 de julho de 2002.
PROTESTO DO BRASIL
A chefia da Missão Brasileira nos Jogos
entrou com um protesto formal junto à
Organização, em vista de o atleta ter sido
visivelmente prejudicado. O treinador
Ricardo D Angelo lamentou a atitude do
espectador. Disse que seu atleta estava
preparado e tinha condições de ganhar a
medalha de ouro. "Quem não é do meio talvez
não consiga entender a raiva que deu quando
vi o Vanderlei ser prejudicado daquela
forma", disse o treinador.
O Comitê Olímpico Internacional decidiu
conceder ao atleta a Medalha Pierre de
Coubertin. A medalha, que leva o nome do
educador francês criador dos Jogos Modernos,
foi concedida apenas uma vez antes, durante
os Jogos de Seul, em 1988. A data da entrega
da Medalha será anunciada proximamente.
Vanderlei, atleta da BM&F, patrocinado
também por Pão de Açúcar, Nike e Prefeitura
de São Caetano do Sul (SP), competiu em
Atlanta, quando ficou em 41.o lugar, e em
Sydney, quando, contundido, ainda conseguiu
completar a prova, na 75.a posição.
Destacando-se nas provas de fundo desde os
tempos de juvenil, foi o 8.o nos 20 km no
Mundial da categoria no Canadá, em 1988.
Este ano, por decisão da CBAt, os atletas
olímpicos, junto com seus treinadores,
escolheram os locais em que desejavam fazer
sua preparação. Vanderlei foi à Colômbia,
treinar em altitude, com passagens e ajuda
de custos pagas pela CBAt. "Ele fez uma
grande preparação e merece todas as honras",
disse o presidente da CBAt, Roberto Gesta de
Melo. |
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