COB CONSTATA EVOLUÇÃO QUALITATIVA DO ESPORTE BRASILEIRO COM BASE NAS 30 FINAIS DISPUTADAS EM ATENAS
29.08.2004 :: 18h50
Atenas - O esporte brasileiro registrou em Atenas uma evolução qualitativa em relação aos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 e de Atlanta-96. A constatação do Comitê Olímpico brasileiro, com base no número de finais disputadas em Atenas, foi apresentada neste domingo, dia 29, na entrevista coletiva realizada na Casa Brasil para apresentar o balanço da avaliação da participação brasileira nos Jogos Olímpicos. No total foram 10 medalhas, sendo 4 de ouro, 3 de prata e 3 de bronze. Mas o COB ainda vai recorrer junto à Corte Arbitral do Esporte, na Suiça, para requerer a medalha de ouro do maratonista Vanderlei Cordeiro da Silva. O Brasil registrou em Atenas o recorde de medalhas de ouro em uma só edição dos Jogos Olímpicos. O recorde anterior pertencia a Atlanta, quando o país conquistou três medalhas de ouro.
Neste domingo, dia 29, o Brasil fechou com chave de ouro sua participação em Atenas. A Seleção Masculina de Vôlei conquistou a medalha de ouro, a quarta do Brasil em Atenas e a segunda de sua história. A primeira foi em Barcelona-92. O fundista Vanderlei Cordeiro de Lima ficou na terceira colocação da maratona e conquistou a medalha de bronze. Vanderlei liderava a prova com 25 segundos de vantagem sobre o segundo colocado quando foi atacado por uma pessoa na altura do 36o.Km. Vanderlei foi derrubado no chão e perdeu segundos preciosos, além de ter tido o quebrado o ritmo da corrida. A IAAF não acatou o protesto feito pelo COB para dar também ao brasileiro a medalha de ouro, sem prejuízo ao italiano Stefano Baldini, que venceu a prova. No taekwondo, Natalia Falavigna, ficou em quarto lugar na categoria acima de 67 kg.
Na apresentação feita pelo Chefe da Missão brasileira, Marcus Vinícius Freire, o COB considerou o número de possibilidades que o Brasil disputou a chance de medalhas. Em Atlanta foram 20 finais, em Sydney 22 e agora em Atenas, 30, um aumento de 36% em relação a Sydney. As modalidades em que o Brasil chegou às finais foram o atletismo (maratona M, 110m c/barreiras, salto triplo e 4x100m), futebol, ginástica artística (solo e individual), GR, natação (200m medley M, 100m broboleta M, 50m livre F, 400m medley F e 4x200m livre F), natação sincronizada, saltos ornamentais (trampolim 3m M), tiro, vôlei de praia (M e F), hipismo saltos (equipe e individual), vela (laser, star e mistral), judô (-73kg M e -81kg M), taekwondo (68 kg M e 67 kg F), basquete e vôlei (M e F).
Nas disputas diretas pela medalha de ouro o Brasil registrou um aumento de 41%. Em Sydney foram 17 disputas, em Atenas foram 24. Para o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, esse crescimento comprova que o esporte brasileiro está se desenvolvendo a nível mundial. "A performance de nossos atletas em Atenas demonstra essa evolução. E isso tem que ser comemorado, já que todos os países também estão evoluindo", afirmou. Confira os principais pontos da entrevista do presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman:
Quadro de medalhas "Nunca fiz previsões de medalhas. Para o COB o que mais importa é o aumento da qualidade da participação brasileira. A medalha é consequência de um trabalho e também de um momento da disputa. Não vamos achar que uma determinada medalha é extemporânea ou uma grande zebra, como também não vamos ficar chorando medalhas que poderiam ter sido conquistadas. Isso faz parte. Os americanos e cubanos ficaram olhando entre si tentando entender como um chinês podia ter ganho a medalha de ouro nos 110m com barreiras. Isso são os Jogos Olímpicos, que é algo direfente de tudo. Aqui o atleta sente essa diferença. Mas é fato que Atenas estabelece um marco na história do esporte nacional. Pela primeira vez o país terminou os Jogos Olímpicos entre os Top 20. Isso num momento em que as medalhas estão cada vez mais pulverizadas. Há uma distribuição maior das conquistas. A Ásia, por exemplo, tem três países entre os nove primeiros em Atenas, China, Japão e Coréia. Houve um crescimento muito grande desses países, sobretudo do Japão. Países que antes dominavam algumas provas não estão conseguindo manter esse domínio. O esporte está evoluindo em todo o mundo, e o Brasil está inserido nesse contexto. De Atlanta pra cá, o Brasil conquistou praticamente 50% das 76 medalhas conquistadas pelo país na história dos Jogos. Isso prova que estamos evoluindo, mas um trabalho só amadurece após dez, 12 anos, desde que se tenha dinheiro e condições para isso."
Lei Agnelo/Piva Mesmo considerando que o tempo de aplicação dos recursos ainda é pequeno, apenas dois anos e meio, a Lei Agnelo/Piva foi decisiva para a boa preparação das equipes e atletas brasileiros. É importante notar que o ciclo olímpico para Pequim 2008 será o primeiro período cheio com os recursos da lei. O COB vai realizar uma revisão técnica da aplicação desses recursos com o presidente e o diretor-técnico de cada Confederação. Serão reuniões individualizadas com cada Confederação. Nenhum programa será dado andamento antes dessa reunião. Vamos avaliar o que já foi feito e o que deve ser feito para atingirmos o estágio pretendido. Precisamos rever alguns indices que foram estabelecidos e apertar os critérios de classificação, sem ferir o direito adquirido do atleta. Mas é importante ressaltar que um projeto só amadurece após dez, 12 anos de trabalho, desde que se tenha dinheiro e condições para isso. Devemos lembrar que os países que estão no topo do ranking recebem muito mais recursos que o Brasil, que fica na faixa dos 15% em relação a esses países. Portanto, a cobrança deve exisistir na mesma proporção."
Trabalho de base "Nenhum país do mundo consegue se desenvolver esportivamente sem o trabalho na escola. Este é o primeiro ponto, depois vêm as academias, os clubes, as associações etc. É preciso perceber que a juventude brasileira em sua maioria não tem dinheiro para pagar um clube, uma escolinha ou um técnico exclusive, como algumas modalidades requerem. Também tem a questão dos equipamentos, ou seja as condições para a prática do esporte. Há esportes que têm características diferentes, como é o caso da vela, do hipismo, da esgrima e do tiro. São modalidades que exigem uma estratégia específica. Não podemos colocar tudo num mesmo contexto. Temos alguns esportes que dão um número enorme de medalhas. É o caso do taekwondo, do boxe, do levantamento de peso e lutas. Este é um reduto que deve ser trabalhado.e hoje está restrito às academias."
Lei de Incentivos Fiscais "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá estar encaminhando uma medida ao Congresso Nacional sobre a questão de uma le de incentivos fiscais ao esporte. Esta será uma enorme contribuição para o esporte, uma grande virada. Estamos torcendo para que essa lei seja aprovada ainda este ano, a fim de que possamos dar início a este processo já em 2005. "
Os Jogos Pan-Americanos Rio 2007 "Tivemos em Atenas um grupo de observadores trabalhando e conhecendo os detalhes de operação dos Jogos, resultados, números, enfim, informações que fornecerão um quadro importante para a organização e realização dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007. Na área de segurança tivemos três profissisonais da Polícia Federal junto da delegação dentro da Vila Olímpica, dois policiais civis (fora da Vila), além de um general (Sérgio Rosário) que atuou como observador. Aliás, esta foi a primeira vez na história que o COI permitiu que um Comitê Organizador de Jogos regionais tivesse o mesmo acesso que os Comitês de candidaturas ou sedes olímpicas têm às instalações e informações. "
Pequim-2008 "Já estamos planejando a primeira visita de inspeção a Pequim. Serão Jogos diferentes por causa do fuso horário e haverá a necessidade de um período de aclimatação diferente do que foi em Atenas. Pequim está tão adiantada em relação às obras que o COI pediu para que o Comitê Organizador diminuísse o rítmo dos trabalhos. Certamente será uma edição fantástica dos Jogos Olímpicos."
Depoimento do presidente do COB no encerramento dos Jogos:
Os Jogos de Atenas "Atenas conseguiu realizar magníficos Jogos Olímpicos, mas o incidente envolvendo o Vanderlei Cordeiro de Lima manchou os Jogos. A organização dos Jogos Olímpicos têm que oferecer segurança total aos atletas, inclusive durante as competições. Lamentavelmente, este incidente na maratona masculine, a última prova do evento, vai marcar os Jogos Olímpicos de Atenas e embaçar o seu brilho."
Cláudio Motta, da Assessoria de Imprensa do COB Textual, em Atenas