A escalada dos galácticos - Faustino Vicente*
Um dos sonhos mais acalentados pelo ser humano é,sem dúvida alguma,
construir uma carreira profissional bem-sucedida e duradoura.
Para os mais ousados é chegar no topo do organograma da empresa ou
ser o número um do ranking de uma profissão liberal.
Por analogia podemos citar o desafio da escalada do Monte Everest -
o ponto mais alto do planeta - com seus 8.848 metros de altitude, na
fronteira do Nepal com o Tibet.O seu pico somente foi atingido pelo
homem em 1953 pelo alpinista neozelandês Edmundo Hillary e seu
guia,o nepalês Tenzing Norgay.Chegar no topo do "Everest
profissional" é um desafio extremamente difícil,mas permanecer lá é
um privilégio de poucos.
Um caso,de visibilidade pública,sobre as dificuldades para manter-se
na liderança pode ser encontrado,atualmente, no campo esportivo.
Dentre as melhores equipes mundiais uma delas é, sem dúvida alguma,
o Real Madrid da Espanha.A sua Diretoria formou,a peso de euros, um
autêntico " Dream Team "- o time dos sonhos - com um elenco de
craques da mais alta qualidade técnica, objetivando, é lógico, a
conquista das mais importantes competições futebolísticas. Acontece
que, apesar das indiscutíveis habilidades técnicas dessas
"estrelas"- carinhosamente chamadas de "galácticos" - a falta de
brilho das mesmas tem frustrado as expectativas da sua fiel torcida.
Mesmo com uma estrutura,física,técnica e administrativa, de
excelente padrão e um apreciável faturamento anual, os resultados de
campo têm sido incompatíveis com as metas do planejamento
estratégico.
Salários de causar inveja a executivos de grandes empresas,
excelentes condições de trabalho, qualidade de vida de alto
padrão,aplausos da torcida e constante exposição na mídia, têm sido
insuficientes para evitar os momentos de incertezas, que vivem os
"galácticos".
Segundo o noticiário esportivo, entre as possíveis causas do baixo
rendimento desses diferenciados atletas podem estar a queda das
condições físicas de alguns jogadores, uma gorda conta bancária
capaz de impedir que a motivação seja a mesma do início da carreira,
o excesso de confiança no próprio potencial,a melhor performance de
outras equipes, o empenho extra dos adversários em ter o prazer
especial de derrotar a consagrada equipe madrileña, o desvio de foco
face à vida privada e as atividades empresariais fora do
futebol.Certamente,os dirigentes e jogadores do Real Madrid têm
competência gerencial e habilidades individuais para reverter a
incômoda situação, desde que superem o seu maior adversário - eles
próprios.
Esse exemplo revela que,como no alpinismo um passo em falso pode ser
fatal,também no mundo dos negócios não é diferente - o mercado pode
até não reclamar,mas nunca esquece de se vingar. A alternância da
liderança, ao longo da caminhada da humanidade, é encontrada na
sucessão dos impérios ou no poderio de nações que no passado
dominaram grande parte do planeta e hoje se restringem a pequenos
territórios,algumas com economias expressivas,outras pouco
representativas.No campo empresarial a história não é diferente,
bastando um olhar através do túnel do tempo, e comparar as empresas
líderes de hoje com as de décadas passadas.Algumas se mantiveram,
outras perderam fôlego e muitas,simplesmente, desaparecem por que
não souberam se reinventar.
Assim como no esporte de alto rendimento, as estrelas brilham em
todas as atividades humanas, e dessa constelação destacamos: Moisés,
Leonardo da Vinci, Madre Teresa de Calcutá,Nelson Mandela,Pelé e
Bill Gates.Para reflexão, de cada um de nós, fica a lição de que a
conquista da alta performance sustentada encontra-se na atitude do
skatista, que usa a ousadia para suas manobras radicais e a
humildade para transformar cada queda num degrau a mais na escalada
do ranking mundial.
* Faustino Vicente - Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos -
e-mail: faustino.vicente@uol.com.br - tel.+55-(011) 4586.7426 -
Jundiaí (Terra da Uva) São Paulo - Brasil
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