Independência Nuclear e Meio Ambiente
Se ficar o bicho pega, se correr o bicho não pega. Para o Brasil
passar da posição de ignorante desenvolvido, mesmo com
auto-suficiência energética, em competição com outros sábios
sabiamente úteis, conseguindo suprir ao menos anseios e necessidades
básicas globalmente, ao invés de inutilmente desenvolvidos por danos
maiores do que benefícios gerais, encarece se torne ainda mais
sábio, sobretudo para esse mister, de não degradar nem deteriorar
ainda mais os índices de poluição ambiental num Planeta já
ressentido, onde a maioria sobrevive mal e paga sempre mais caro
pelos prejuízos sofridos diretamente.
Mesmo que certos países como China e Índia estejam projetando
aparentar desenvolvimento tão somente material, com investimentos em
usinas nucleares ao custo da própria ignorância humana em monitorar
tantos poluentes e não recicláveis ambiental e realisticamente, por
muito que venham a construir para si essa pretendida capacidade
energética auxiliar e manter de forma autônoma a própria
competitividade, dificilmente atentarão para reduzir os profundos
níveis de pobreza, muito mais humana que material, e ainda
acumularão mais mal do que propriamente bem, para si mesmos como
para todos os demais países densamente habitados e os desabitados.
O Brasil, embora participe de tanta conferência de meio ambiente,
nacional e internacionalmente, não se recusando, ao menos `pro
forma´, em assinar esse ou aquele protocolo contra emissão de gases
(Kioto, 1997), a que terminantemente se opõem os EUA -, defende a
mesma bandeira daqueles países asiáticos que se ressentem da
necessidade de construir não apenas uma, porém mais uma e mais outra
usina, a terceira Angra, para assegurar mais um `grito de
independência ou morte´, desta vez à base de energia nuclear, e sem
se importar com as conseqüências. Afirma-se pelos alto-falantes
legiferantes que o País polui sem querer querendo... e ainda
pretende que a responsabilização pela liberação danosa de gases
poluentes seja por conta dos países sábios sabiamente úteis ou
inutilmente desenvolvidos, não menos poluidores em potencial. A bem
do que dizem os entendidos cientistas -, o aquecimento global da
temperatura na atmosfera e nos oceanos, fenomenizando inundações em
vários lugares já manifestam tendências ambientais em desequilíbrio,
a se agravarem mais e mais com outras tantas `pororocas-dilúvios´
futuramente.
E pensar que ao contrário dos retirantes da seca do sertão agreste,
ainda se corre até mesmo o inafastado risco ecológico, sem seguro à
vista reembolsável, de vir a ser também retirante das enchentes como
aquelas do portentoso Rio Amazonas e seus afluentes...que nem os
arco-íris mais servem de alerta!
Agnes Marta Pimentel Altmann
Autora tem Mestrado em Relações Internacionais
Brasília, janeiro de 2005
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