EDITORIAIS


Voz de prisão

Agnes Marta Pimentel Altmann

Violência e impotência... Eis o maior fator determinante a que se devem os indesejáveis índices elevados, com prejuízos incalculáveis, irreparáveis, de toda ordem em desordem: danos à vida, à saúde pública, ao bem-estar em geral, ao patrimônio público e particular, ao meio ambiente, à Previdência Social, danos morais de origem psicológica e sentimental, etc. Situações sociais verdadeiramente aflitivas.
Existe uma causa? - Uma só não, várias. A principal mesmo é a inversão dos valores. Não tem a Segurança Pública? Sim e não. Deixa pra lá!... - Nada disso! Cidadão impotente é o que não quer se envolver com a Polícia e a Justiça. Deveria ser o primeiro a estar mais que comprometido pelo repúdio eficaz contra a violência na sociedade em que vive.

Ninguém está isento da responsabilidade de preservar a Ordem Pública, do contrário é calar para favorecer mais liberdade às ações criminosas que não poupam a dignidade de ninguém, mormente pela omissão. Os criminosos sabem mais dos seus direitos do que os próprios cidadãos.

A violência não poupa ninguém! Enfatizando editorial do Jornal de Brasília, "está demonstrado que uma enorme porcentagem dos crimes acontece exatamente onde a polícia não está presente ou mesmo não tem acesso, como é o caso dos delitos praticados no interior dos lares, nas repartições públicas, nos escritórios, nas empresas, etc."

Com efeito impossível a presença policial para cada cidadão como seu cão de guarda, contra todo tipo de violência, até mesmo da violência invisível, pois o que menos os olhos vêem mais o coração sente e sofre, como o permanente pânico em que se vive de ser violentamente surpreendido até pelo invisível previsível.

A Solução? - Mudança de cultura, de atitudes sociais. Por parte de quem ? - Do próprio cidadão. Como? - Rejeição à convivência tolerante com o crime. - E resolve? - Não necessariamente, vez que não se trata de o cidadão ele mesmo poder agir com poder de polícia, de dar voz de prisão também, como quem caça uma armadilha para prender o seu parente, vizinho, colega de escolha, de trabalho no meio onde vive, por força da lei processual penal, mas de se colocar como inibidor de ações criminosas contra a própria sociedade, contra aqueles que agem organizadamente, colocando-se a serviço dos próprios agentes da violência por agir de modo impotente e omissivo.

Agnes Marta Pimentel Altmann

Fonte: Jornalada
Data: 6/10/2004
www.jornalada.com

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