NOTA OFICIAL
FENAJ repudia demissões em massa e investidas contra a democracia na
informação
A Federação Nacional dos Jornalistas, FENAJ, denuncia a demissão em
massa promovida pela direção do Jornal do Brasil e da Gazeta
Mercantil, que atingiu 64 profissionais. Essa ação, comandada pelo
empresário Nelson Tanure, culmina uma série de atitudes que ferem as
regras de relação de trabalho e afronta normas elementares de
jornalismo.
Nos últimos dois meses, várias empresas apelaram à surrada fórmula
de demitir seus empregados para enfrentar suas sistemáticas crises,
normalmente fruto de gestões aventureiras e irresponsáveis. Foi o
que ocorreu na Folha de São Paulo, com 65 demissões em julho, no
Diários Associados, da Paraíba, com 40 jornalistas despedidos no dia
da abertura do 31º Congresso Nacional da categoria, e no Jornal de
Londrina, com 14 profissionais despedidos e depois reintegrados por
decisão da Justiça. Além das demissões, Tanure inova e extingue a
editoria de economia do tradicional JB e ameaça fazer o mesmo com a
de esporte.
Apesar da suposta crise que justificou demissões e precarizações
(mais de 70% dos jornalistas do JB são contratados fora da CLT, como
pessoas jurídicas), Tanure planeja comprar os títulos mais
tradicionais dos Diários Associados, como o Estado de Minas, o
Correio Braziliense, o Diário de Pernambuco e o Jornal do Commercio
do Rio De Janeiro. A estratégia chamada de “sinergia” é montar uma
mesma redação para fornecer conteúdo editorial a diversos veículos,
coagindo profissionais a aceitarem contratos draconianos.
Essa atitude fere os mais elementares direitos e conquistas
trabalhistas e representa uma séria ameaça à liberdade de imprensa.
Ao pasteurizar o noticiário, impede o direito da sociedade de ter
acesso à informação plural e consagra o preceito da supremacia dos
interesses privados sobre a natureza pública da informação.
Empenhada numa campanha nacional contra a precarização das relações
de trabalho e reafirmando sua defesa histórica da democratização da
comunicação, a FENAJ alerta para essa tentativa de configuração de
um novo oligopólio, sustentado na exploração e na restrição do
direito à comunicação.
Brasília, 1 de setembro de 2004
Diretoria da FENAJ
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