VELEJAR É PRECISO
Joelmir Beting, em 24/08/04
O chanceler brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que também está
presidente da República, encerrou hoje sua estada de dois dias no
Chile e repete a dose amanhã no Equador. Na agenda, estreitamento
das relações do Brasil com a Comunidade Andina. Só faltou na mesma
agenda uma esticada até Caracas para um abraço de confraternização
com o companheiro Chávez, ressegurado no trono da Venezuela.
Na semana passada, o chanceler Lula esteve igualmente estreitando
relações com o novo governo da República Republicana, com sobras
para o jogo da paz da seleção no Haiti. Resta saber qual é a próxima
viagem do presidente ao Exterior, provavelmente na primeira semana
de setembro. Ou qual é a agenda do presidente nesta sua próxima
visita a Brasília, a partir de quinta-feira.
Bem, nada contra a exposição internacional do presidente Lula. Isso
soma para o ego dele e do PT e para a imagem adocicada do Brasil. O
problema é que governar não é velejar. Governar é despachar. Um
pesado batente de gabinete, 10 horas por dia, de segunda a sábado,
com direito a churrasco domingueiro na Granja do Torto. É o que pede
um Brasil ainda em estado de
emergência nacional.
Ocorre que o presidente vai completar agora em agosto 20 meses de
governo com a seguinte distribuição dos 608 dias de agenda
presidencial: 241 dias pelo mundo, 212 dias pelo Brasil e apenas 151
dias em Brasília.
Para cada dia em Brasília, três dias velejando pelo Brasil e pelo
mundo. Ou se preferem: em 20 meses, 40 viagens ao Exterior,
visitando 63 paises.
Vai para o Guiness. Ganha até do secretário geral da ONU.
(24/08/2004)
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