ELEIÇÕES 2004
Pesquisa do TRE mostra que 6,11% dos candidatos declararam só saber
ler e escrever, condição básica necessária para a candidatura
40% dos candidatos de MG não têm 1º grau
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Quase 40% dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador nos
853 municípios de Minas Gerais não concluíram o ensino fundamental,
da 1ª à 8ª série. São 23.493 candidatos nessa situação, ou 38,8% dos
60,4 mil postulantes aos cargos eletivos nas eleições municipais
deste ano.
Considerando o percentual dos que não concluíram o ensino
fundamental e os 14,52% que disseram ter apenas as oito séries
iniciais concluídas, mais da metade (53,32%) dos candidatos estudou
até a 8ª série.
Desse contingente, 6,11% declararam que apenas lêem e escrevem. As
informações são do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) mineiro, que
reuniu alguns dados dos candidatos de todo o Estado, de acordo com o
que eles declararam à Justiça Eleitoral.
Pelo Censo 2000 do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), 63,7% da população mineira acima de dez anos tem até
oito anos de estudo. Acima de nove anos de estudo são 14,2%. Com 12
ou mais, 7,2%.
Como não há dados das eleições municipais de 2000 para todo o Estado
(foi feito levantamento só para Belo Horizonte), não é possível
fazer comparações. O Tribunal Superior Eleitoral disse que não
dispõe de dados do tipo.
O fato de quase 40% dos candidatos não terem concluído o ensino
fundamental, para a professora Maria do Carmo de Lacerda Peixoto, da
Faculdade de Educação e diretora de Avaliação Institucional da UFMG,
"é uma coisa esperada, em termos de escala socioeconômica",
considerando o perfil dos municípios.
Por exemplo: 687 dos 853 municípios têm menos de 20 mil habitantes,
ou seja, são cidades com menor desenvolvimento e menos
infra-estrutura, prevalecendo como base da economia a agricultura e
o pequeno comércio local.
Isso é retratado na declaração dos candidatos sobre a ocupação:
10,6% disseram ser agricultores; comerciantes, 10,2%; e servidores
públicos municipais, 6,3%.
Lacerda Peixoto disse que, se for feita a decomposição dos dados por
regiões ou cidades mais desenvolvidas, os números serão melhores. A
Constituição proíbe que analfabetos sejam candidatos. Não precisam
ter estudo regular, mas ao menos saber ler e escrever.
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