Telefones celulares - abuso, desrespeito, escravidão !
Theresa Catharina de Góes Campos
No campo e na cidade, dentro e fora dos edifícios e veículos, uma
praga se alastra como epidemia sem vacina, simulando progresso e
liberdade. Telefones celulares e bips interrompem conversas, invadem
o espaço sonoro; perturbam os momentos de oração e lazer, as salas
de aulas, as bibliotecas, as igrejas, os cinemas e teatros. Um
horror!
As pessoas não parecem entender que, ao invés de demonstrarem
evolução, poder, eficiência e posse, estão revelando incompetência
no uso de seu precioso tempo. Afinal, deixam-se envolver em
compromissos supostamente inadiáveis, abdicam de seus momentos de
privacidade, esquecem as mais elementares regras de etiqueta,
mostram-se descorteses, egoístas ao extremo. Vivem em situações de
escravidão voluntária...
Falta de educação, organização, planejamento...salta aos olhos dos
que, incomodados e/ou boquiabertos, resistem a esse tipo de
escravidão voluntária, sentem-se mal e aguardam que, num instante de
reflexão, os viciados no uso ininterrupto de bips e telefones
celulares venham a compreender que se deixaram dominar por um vírus
barulhento e visível.
Afinal, não se trata mais de prova de status...aparelhos reais ou de
brincadeira, surgem nas mãos de todos... como armas quase tão
perigosas como os revólveres de brinquedo. Olhando-se à volta, vemos
que apenas os bichos ainda não dispõem de celular. E por isso são
mais saudáveis do que nós!
Tenhamos a coragem de resistir, colocando limites aos exageros e
abusos, dizendo "não" a esta nova forma de escravidão voluntária.
Conscientes da liberdade que precisamos conquistar a cada dia,
reconhecendo os direitos e a dignidade do próximo, aprendamos - e
tenhamos orgulho de mostrar que sabemos exercer tal domínio - a
manter nossos bips e celulares, apesar de ativos, agradavelmente
invisíveis e calados, aguardando que a nossa inteligência determine
quando, com urgência, precisamos utilizá-los!
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília, 18 de fevereiro de 2000
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