DOCUMENTOS


Primórdios da publicidade no jornalismo brasileiro

No período da Independência do Brasil, o primeiro diário do Brasil, o “Diário do Rio de Janeiro”, fundado por Zeferino Vito de Meireles, circulou de 1821 a 1878.

Era um jornal exclusivamente comercial; dedicava-se à publicação de anúncios e não se envolvia em assuntos políticos. Foi o primeiro jornal informativo a circular no Brasil. Ocupava-se dos assuntos locais, procurando transmitir aos leitores o máximo de informes, tanto particulares quanto de propaganda. As notícias particulares tratavam de: roubos, assassínios, reclamações, divertimentos, marés, correios; os anúncios abordavam: escravos fugitivos, leilões, compras, vendas, e, depois de novembro de 1821, preços de gêneros alimentícios.

Crescendo a sua popularidade, passou a ser conhecido como “Diário do Vintém” e “Diário da Manteiga”, porque custava um vintém cada exemplar e trazia os preços, entre outros, da manteiga. Seu distanciamento das questões políticas era tal que não noticiou a proclamação da Independência... inserindo apenas, a partir de 24 de setembro, editais a respeito do acontecimento.

Embora alardeasse absoluta isenção, Zeferino Vito de Meireles, o fundador do “Diário do Rio de Janeiro”, sofreu um atentado, em agosto de 1822, em conseqüência do qual veio a falecer. Seu jornal circulou até 1878.

Considerado em termos de veículo de informações, foi um precursor bem original. Do ponto de vista político, entretanto, em nada contribuiu para alterar a situação do Brasil.

Assim como havia, na fase inicial, grande número de periódicos literários e políticos, fundaram-se jornais especificamente para a divulgação de anúncios.

Em 1821, circulou no Rio o “Jornal de Anúncios” que, no entanto, não conseguiu sobreviver.

O “Diário de Pernambuco”, desde a sua fundação, até 1828, conservou o aspecto de boletim comercial. No seu número de apresentação, proclamava:

“Faltando nesta cidade assaz populosa um Diário de Anúncios, por meio do qual se facilitassem as transações, e se comunicassem ao público notícias, que a cada um em particular podem interessar, o administrador da Tipografia de Miranda & Companhia se propôs a publicar todos os dias da semana, exceto os domingos, o presente Diário no qual debaixo dos títulos de Compras – Vendas – Leilões – Aluguéis – Arrendamentos - Aforamentos- Roubos-Perdas - Achados – Fugidas e apreensões de escravos – Viagens-Afretamentos – Amas de leite, etc., tudo quanto disser respeito a tais artigos; para o que tem convidado a todas as pessoas, que houverem de fazer estes ou outros quaisquer anúncios, ao levarem à mesma Tipografia que lhes serão impressos grátis, devendo ir assinados.”

Outros jornais, com a mesma finalidade, foram aparecendo, como o “Jornal do Commercio” e “Diário Popular”.

A propaganda evoluía com a imprensa. A “Gazeta do Rio de Janeiro”, em 1808, estampava um anúncio com esta prolixa redação:

“Quem quiser comprar uma morada de casas de sobrado com frente para Santa Rita, fale com Ana Joaquina da Silva que mora nas mesmas casas ou com o Capitão Francisco Pereira de Mesquita que tem ordem para as vender.”

Cem anos depois, o estilo era outro: “Bicicleta – em estado perfeito, vende-se, oitenta mil réis. Pagável também em prestações anuais. Rua Turiassu 126.”

Vejamos outro exemplo:

“Teatro Santana – Único cinema que não incomoda a vista, único aparelho firme, sem trepidações! Sensacional! O mais moderno e perfeito aparelho jamais apresentado. Enorme coleção de vistas completamente desconhecidas do público, e de retumbante sucesso.”

A publicidade em cores

O primeiro anúncio em cores, impresso em jornal de grande prestígio, surgiu no Brasil em 1915, quando o país ainda desconhecia o valor da propaganda.

Produzido numa agência de publicidade e exibido ao cliente em provas cuidadosamente preparadas, incorporava-se à coluna dos jornais, não sem relutância de diretores, provocando o espanto dos leitores. Publicou-o “O Estado de São Paulo”, na primeira página, por bons contos de réis. Foi o primeiro passo rumo ao desenvolvimento dos serviços de propaganda planejada, ocorrendo a criação de agências.

A evolução da publicidade continuou, no contexto de modernização da imprensa no país. Grandes jornais brasileiros surgiram entre 1920 e 1930 e, nessa década, conhecemos também a radiodifusão.

Uma cadeia de jornais, revistas e estações de rádio e televisão - os Diários e as Emissoras Associados, foi criada por Assis Chateaubriand. Esse grupo instalou a primeira estação de TV no Brasil – a TV- Tupi, em Sumaré, São Paulo, inaugurada oficialmente a 18 de dezembro de 1950. O acontecimento deu início a uma série de instalações de novas estações de TV, nos mais diversos pontos do país.

Em março de 1957, a revista “O Cruzeiro” inaugurou uma edição espanhola, com mais de cem mil exemplares.

Atuando como fontes locais de noticiário, cuidando dos interesses administrativos e procurando aumentar o volume publicitário do periódico, surgiram as sucursais de jornais e revistas, em 1956 e 1957, precedidas dos correspondentes.

Theresa Catharina de Góes Campos

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