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Jornalistas e periódicos brasileiros na história política e na industrialização

Theresa Catharina de Góes Campos

No final do governo de D. Pedro I, que foi o iniciador dos processos de suborno da imprensa, destacou-se a ação verdadeiramente orientadora e patriótica da “Aurora Fluminense”, de 1827, redigida por Evaristo Ferreira da Veiga.

Os artigos desse jornalista impediram a radicalização das soluções encontradas, o que abalaria profundamente a unidade nacional.

Os jornais anteriores à abdicação do primeiro monarca brasileiro, e os seguintes, usavam uma linguagem tão violenta que algumas de suas colunas não podem ser transcritas. Essa tendência começou a desaparecer em 1834.

Ao período da Regência, sucede uma época razoavelmente calma, até 1870, com homens de imprensa excepcionais: Francisco Otaviano de Almeida Rosa, no “Correio Mercantil”; José de Alencar, José Maria da Silva Paranhos, no “Jornal do Commercio”, Justiniano José da Rocha, injustamente relegado ao esquecimento, e outros.

Revistas dedicadas aos mais diversos assuntos, algumas sérias e boas, algumas com vida longa, como a do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, entraram em circulação.

O Segundo Reinado, período seguinte, que vai de 1840 a 1889, marcou o início da industrialização dos meios de informação, reflexo de uma nação mais populosa, mais consciente, mais alfabetizada.

No ano de 1875, São Paulo copiou no setor da imprensa a atuação desbravadora de seus bandeirantes. Surgiu então a “Província de São Paulo”, jornal estruturado por um grupo de republicanos, com objetivos não apenas políticos, mas a finalidade de atuar como porta-voz das aspirações coletivas.

A “Província de São Paulo” entregou a seus agentes, em 1880, para distribuição, a maior tiragem de exemplares.

Rangel Pestana, Américo Brasiliense, Campos Sales, José Maria Lisboa e Júlio Mesquita colaboram nesse jornal que, proclamada a República, passou a se chamar “O Estado de São Paulo”.

Em 1875 nasceu também o “Diário de Notícias”, de Salvador.

De 1889 a 1930, nossa imprensa teve uma fase difícil e agitada, consolidando a sua industrialização. Seus elementos de informação apresentaram um sensível avanço, em virtude das melhores comunicações com o resto do mundo, destacando-se: o “Correio da Manhã”, o “Jornal do Brasil”, “O País” (este vindo do Segundo Reinado e dirigido por Quintino Bocaiúva como órgão oficioso da República; foi empastelado em 1930).

A modernização do jornalismo brasileiro iniciara-se por volta de 1880, setenta e dois anos depois da instalação das máquinas que produziram a “Gazeta do Rio de Janeiro”.

Com o alvorecer do século XX, a imprensa adquiriu sua expressão industrial, perdendo a tipografia a sua característica de artesanato. Os pasquins, de 2 ou 4 folhas de reduzido formato e público limitado, desapareceram devido às novas condições sociais.

A máquina alcançou os periódicos, modificando-se segundo as imposições: a divisão do trabalho, a especialização, a distribuição racional de cargos e responsabilidades.

A Abolição e a República provocaram a crescente influência da imprensa na vida pública do país.

Os editores compreenderam, afinal, que os assuntos abordados deveriam interessar aos leitores, deixando de publicar as matérias que reduziam os jornais a mero veículo de opiniões individuais. A nova situação fez nascer o profissionalismo.

Quatro invenções foram consideradas etapas básicas da transformação da tipografia em indústria: a máquina de papel, de Louis Robert, em 1798; a prensa mecânica, de Frederico König, em 1812; a prensa rotativa, de Marinoni, em 1850; e a linotipo, de Mergenthaler, em 1885.

A imprensa brasileira, mesmo depois da utilização bem sucedida da rotativa e da linotipo, continuava afastada dos recursos da técnica, trabalhando, durante muitos anos, com o material já obsoleto da era dos pasquins e dos jornalecos.

O panorama mudou graças àqueles que confiaram no progresso e na consolidação de um negócio que sempre se mostrou precário.

Os jornais cariocas e paulistanos assumiram o papel de autênticos vanguardeiros da moderna indústria gráfica.

Theresa Catharina de Góes Campos

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