Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 1999, "Além da
linha vermelha" (The thin red line - EUA, 1998 - 170' - de
Terrence Malick) é um excelente drama de ação e reflexão sobre a
loucura, a insensatez da guerra.
"Não enobrece o homem...transforma-o em animal feroz...envenena
a sua alma".
Recebeu também sete indicações ao Oscar: melhor filme, diretor,
roteiro adaptado (do livro de James Jones), fotografia,
montagem, trilha sonora e som.
No elenco estão: Jim Caviezel, Sean Penn, Nick Nolte, John
Cusack, John Travolta, Woody Harrelson e George Clooney.
Comovente, profundo, abrangente, realista na crueza de suas
cenas reproduzindo episódios da Segunda Guerra Mundial;
perturbador em suas muitas - e necessárias - perguntas.
Filmado em grande parte nos locais onde aconteceu a primeira
ofensiva dos EUA para desalojar os japoneses de suas conquistas
(Ilha de Guadalcanal, Pacífico Sul - no período de agosto de
1942 a fevereiro de 1943), tem travellings emocionantes. A
campanha militar começou com um
desembarque dos fuzileiros navais. Morreram mil e seiscentos
(1.600) americanos e vinte e cinco mil (25.000) japoneses.
"Além da linha vermelha" mostra a ação do Exército dos EUA, que
iniciou seus combates em dezembro de 1942, lutando para
conquistar as colinas na região do monte Austen, e em torno do
rio Matanikau. Ao contrário do que acontecia na Europa,
japoneses e americanos raramente faziam prisioneiros.
O filme é baseado no romance homônimo (1962) do escritor James
Jones (1921-1977), ferido e condecorado na campanha militar
retratada. O título traduz-se literalmente como "a tênue linha
vermelha", expressão usada pelo general inglês Duque de
Wellington, que derrotou Napoleão. Ele se referia à fraqueza de
suas tropas, que usavam um uniforme vermelho. Metáfora para luta
difícil, e para a resistência e a união dos soldados em
circunstâncias as mais adversas.
Jones já escrevera uma outra obra naturalista sobre a guerra,
muito mais célebre: "From here to eternity" ("A um passo da
eternidade") (1951), logo transformada em filme de sucesso,
premiado com Oscar.
"Além da linha vermelha" faz o público viver, durante quase três
horas, o horror da Segunda Guerra, alternando momentos de ação e
conflitos com diversos questionamentos existencialistas (em off
) sobre a vida, o amor, a natureza, o bem e o mal. Com tais
perguntas, acrescenta um toque lírico, poético, à narrativa de
tantos sofrimentos.
O cineasta Pedro Almodóvar declarou sobre “Além da linha
vermelha”: “... é uma jóia, que te coloca realmente junto aos
soldados, dentro deles, não no sentido bíblico, mas dentro de
suas cabeças.”
(Comparar com: "O resgate do soldado Ryan", de Steven Spielberg;
"Nascido para matar",de Stanley Kubrick; e "Platoon", de Oliver
Stone.)
Theresa Catharina de Góes Campos
Trechos de artigo de Bernardo Scartezini, no Correio Braziliense
de 25 de agosto de 1999:
"Chega às locadoras obra-prima que foi ignorada pela Academia
A GUERRA SEM HONRAS NEM GLÓRIA
(...) "Afinal, Além da Linha Vermelha não é ufanista. Malick, no
terceiro filme e o primeiro em duas décadas, retrata a guerra
não no que há de nobre ou glorificador. A guerra, aqui, é
desconfortável, desumana, estúpida. Sem vitoriosos. Como em
Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola. O horror, o horror...
(...) "Assim, Além da Linha Vermelha recebeu seis indicações
para o Oscar, mas foi solenemente ignorado na premiação. (...) O
filme de Malick não seduz o espectador. Espera ser desvendado.
(...) A Fox vendia um filme de ação. Quando Malick, na verdade,
compôs um poema sobre guerra e paz, submissão e liberdade, vida
e morte."
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Opinião de Reynaldo Ferreira, crítico de cinema, autor e diretor
de teatro, escritor, jornalista e advogado:
"O ator, que interpreta o papel de
Jesus Cristo, Jim Caviezel, é aquele mesmo dirigido por Terrence
Malick,
como
protagonista do seu extraordinário "Além da Linha Vermelha", um
dos mais
belos filmes dos últimos anos.
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