A casa da Rússia - Comentarista: Theresa Catharina

Legenda da foto: Cartaz de A casa da Rússia
Crédito da foto: Divulgação

A casa da Rússia

Theresa Catharina de Góes Campos
Editora do Notícias Culturais (www.noticiasculturais.com), é jornalista, escritora e professora universitária


Drama de suspense e romance, em clima de guerra fria, num contexto de política, mistério, espionagem internacional, "A Casa da Rússia" ( The Russia House - EUA, 1990 - de Fred Schepisi - 123 min. - cor - scope - dolby) é um filme inteligente, bem produzido. Aliás, um de meus preferidos no gênero.

"Na minha vida, agora, só há espaço para a verdade."

Sem apelações, não tem contra-indicação de faixa etária, inclusive porque a história destaca,entre seus temas e personagens, a relação harmoniosa de três gerações em uma família russa de classe média.

"Você é a minha única pátria."

Apesar da trama conter elementos trágicos, esses eventos são inseridos no roteiro de forma implícita, alternados com momentos em que a direção de arte proporciona deleite estético, ou com situações mais amenas.

Sean Connery (à vontade e charmosíssimo) e Michelle Pfeiffer (graciosa, lindíssima, com figurinos, penteados e maquiagem que realçam o seu tipo físico) encabeçam o elenco dessa produção com enigmas e ação, com fotografia esmerada (Ian Baker) na cenografia de interiores e nas locações externas; e com uma bela trilha sonora de Jerry Goldsmith.

Entre os atores do filme: J.T. Walsh, Roy Scheider e Klaus Maria Brandauer.

Inspirado em obra de John Le Carré (autor de O alfaiate do Panamá), o enredo envolve questões de interesses conflitantes, inclusive pessoais e familiares, além de profissionais. Acontecimentos, detalhes da cena e os diálogos exigem atenção do público.

Em quem se pode confiar? Quem está sendo sincero? Quais as palavras que não estão mentindo? Onde está a malícia? Ou armadilha? Que palavras oferecem proteção, salvaguarda? Trata-se de um jogo político-armamentista? De objetivos comerciais? Ou ideológicos? Ou tudo isso, mesclado, disfarçado...num contexto de ambigüidade?

Os protagonistas Katya (Michelle Pfeiffer ) e o editor Barley Blair (Sean Connery ) vão revelando a complexidade do roteiro e de seus sentimentos, no desenrolar do filme. Suas interações têm elementos do passado que podem determinar as decisões importantes que precisam tomar, em meio à pressão do tempo e dos outros personagens.

"Eu te amo. Com um amor altruísta. Um amor adulto, amadurecido."

O elemento que não fora previsto tornar-se-á dominante, decisivo...configurando-se uma situação incontrolável. Porque não se pode avaliar, mensurar, o que, por sua própria natureza, não é mensurável... E toda a estratégia fica suspensa pelo fio ao mesmo tempo frágil e poderoso do amor.

"Eu a amo. E não vou abandoná-la."

Em Lisboa, transpirando lirismo em sua paisagem urbana, vamos nos sentir emocionados com aquele amor capaz de amar o ente querido e todos os seus afetos mais próximos. Um amor que não demora - e se sente muito à vontade - a incluir, na individualidade da pessoa amada, o conjunto de amores que vibram no coração de quem foi escolhido. Sem restrições, o abraço amoroso une, abriga e protege, fazendo desabrochar a tranqüilidade, a alegria indisfarçável dos que se reconhecem abençoados pelo amor.